Memória

Jackson do Pandeiro – centenário de nascimento

Por Alberto Buaiz Leite - 02/09/2019

     Nas décadas de 1930, 1940 e 1950, o ator norte-americano Jack Perrin fazia grande sucesso entre os garotos da época, através de seus filmes de faroeste. Um de seus fãs era o menino José Gomes Filho, nascido em Alagoa Grande, Paraíba, em 31 de agosto de 1919. A admiração pelo ator era tão grande que ele adotou o apelido Jack, em homenagem ao artista e assim passou a ser chamado. Vem daí, o nome artístico do “Rei do Ritmo”, Jackson do Pandeiro. Ao iniciar a carreira ficou conhecido como Jack do Pandeiro. A transformação deu-se quando um diretor de rádio achou que Jackson era mais sonoro e causaria mais efeito, ao ser pronunciado.
     Nosso homenageado teve influência musical de sua mãe, Flora Mourão, cantadora de coco. O filho sempre a acompanhava em suas apresentações e aos 8 anos, já tocava zabumba e pandeiro. Em 1932, após o falecimento de seu pai, foi morar, com a mãe e os irmãos, em Campina Grande e lá e começou a trabalhar, para ajudar a família. Foi engraxate, feirante e ajudante de padeiro.
     Em 1936, teve início sua carreira artística. Atuou como baterista no conjunto musical do Clube Ipiranga e em 1939, formou dupla com João Lacerda, irmão de Genival Lacerda. Em 1941, mudou-se para João Pessoa, onde atuou em cabarés e depois na Rádio Tabajara. Mudou-se para Recife, em 1948, indo trabalhar na Rádio Jornal do Comércio, cantando e tocando no regional da emissora. Nesta época, formou dupla com Rosil Cavalcanti que, depois, viria a ser seu parceiro. No início da década de 1950, veio para o Rio de Janeiro e aqui sua carreira tomou impulso. Gravou seu primeiro disco, em 1953, com dois de seus grandes sucessos: “Sebastiana” de Rosil Cavalcanti e “Forró em Limoeiro” de Edgar Ferreira. Fez muitas apresentações nas rádios Tupi e Mayrink Veiga e, depois, foi contratado pela Rádio Nacional. Uma fase bastante importante de sua vida artística foi o período em que esteve casado com Almira Castilho, entre 1956 e 1967. Formaram uma dupla, onde cantavam e dançavam e fizeram um sucesso enorme, chegando a participar de vários filmes musicais brasileiros. Com a separação do casal, a dupla se desfez. Jackson teve muitos sucessos gravados, como “1x1” de Edgard Ferreira, “O Canto da Ema” de Alventino Cavalcanti, Aires Viana e João do Vale, “Como Tem Zé na Paraíba” de Manezinho Araújo e Catulo de Paula, “17 Na Corrente” de Edgard Ferreira e Manoel Firmino Alves, “Chiclete com Banana”, parceria sua com Gordurinha e Almira Castilho, dentre outros.
     O sucesso prosseguiu, na década de 1970. Apresentou-se com Moraes Moreira, no II Festival Internacional da Canção, em 1972, defendendo “Papagaio do Futuro”, de autoria de Moraes. Em 1976, fez um espetáculo, no Teatro João Caetano, ao lado de Zé Ramalho. Em 1977, apresentou-se, pelo Brasil, com Alceu Valença, pelo “Projeto Pixinguinha”. Além das apresentações, continuou gravando discos, sendo o último lançado, em 1981, pela Polygram, com o título “Isto que é Forró”. O artista nos deixou em 10 de julho de 1982. Faleceu em Brasília, de embolia pulmonar, quando estava viajando para cumprir compromissos profissionais.
     Jackson do Pandeiro foi um artista excepcional. Brincava com o ritmo fazendo divisões que poucos conseguiam fazer. Não foi só um cantor de forró. Foi interprete e compositor de vários gêneros, inclusive muitos sambas. Teve uma vasta discografia, gravando dezenas de discos entre 78RPm, compactos, LPs e CDs. Suas músicas foram gravadas por vários nomes significativos da nossa música como Djavan, João Bosco, Gal Costa, Gilberto Gil, Leila Pinheiro, Genival Lacerda, dentre outros. Seu nome precisa ser lembrado, sempre, como um dos maiores representantes da Música Popular Brasileira.