Memória

Dilermando Reis: 40 anos de saudade

Por Alberto Buaiz Leite - 14/01/2017

     Nem sempre a música instrumental brasileira recebeu merecida atenção do público e de estudiosos do tema. Sendo assim, alguns dos nossos maiores instrumentistas ficaram um pouco esquecidos. Este é o caso do violonista Dilermando Reis, “o músico que escreveu uma significativa parte da história da música popular brasileira, apenas com um violão” segundo o violonista Paulinho Nogueira.


     Dilermando dos Santos Reis nasceu em Guaratinguetá-SP, em 22/01/1916 e, aos dez anos, já estudava violão com seu pai Francisco dos Santos Reis, músico amador. Teve aulas, também, com o famoso violonista mato-grossense Levino Albano da Conceição que o trouxe para o Rio de Janeiro, em 1933. Aqui chegando, começou a dar aulas em lojas de instrumentos musicais como “O Bandolim de Ouro” e “A Guitarra de Prata”. A partir de 1936 passou a tocar em rádios como a Rádio Transmissora, Rádio Guanabara e Rádio Clube do Brasil e no Cassino da Urca. Nesta época, havia um forte preconceito em relação aos que tocavam violão, pois eram vistos como malandros ou desocupados. Dilermando enfrentou este problema, mas, com seu importante trabalho musical, mudou esta visão deturpada, da sociedade, em relação aos violonistas.


     Em 1941 gravou seu primeiro disco78 RPM com o choro “Magoado” e a valsa “Noite de Lua” ambos de sua autoria. A partir daí não parou mais de gravar, deixando uma discografia de mais de 60 gravações entre 78 RPM e LPs. Em algumas gravações chegou a ser acompanhado por Meira e Dino Sete Cordas. Nas décadas de 1950 e 1960 foi o violonista mais conhecido do Brasil, chegando a ter um programa diário, na Rádio Nacional chamado “Sua Majestade-O Violão”. Este título foi aproveitado para um LP gravado, em 1956, considerado uma das maiores gravações da história do violão brasileiro, onde foram mescladas obras clássicas e populares.


   Na década de 1970, nosso homenageado gravou dois importantes discos de sua carreira, homenageando autores consagrados. Em 1972 lançou “Dilermando interpreta Pixinguinha” e, em 1973, “Homenagem a Ernesto Nazareth”.


     Infelizmente, sua morte prematura, por problemas cardíacos, em 02/01/1977, interrompeu uma brilhante carreira. Mas durante quatro décadas seu nome foi sinônimo de violão.