Homenagens

Viva Monarco e seus 86 anos

Por Luís Pimentel - 17/08/2019

No ano em que ele completou 80 anos (em 2013), quem ganhou o presente foi a Portela, sua escola do coração. Monarco, o grande compositor, baluarte e incentivador da Velha Guarda, foi eleito presidente de honra da agremiação azul e branca de Madureira. Dos 86 anos que completa hoje, só de samba são quase oito décadas, porque começou a compor ainda menino, com 11 ou 12 anos de idade. Até hoje compõe, e bem. Até hoje canta, cada vez melhor. Sozinho ou ao lado da família de músicos que a vida lhe deu (filhos, netos e netas que tocam e que cantam), Hildemar Diniz, o grande Monarco, não para de trabalhar.
Dono de uma voz bela, forte e poderosa, o sempre jovem Monarco da Velha Guarda da Portela é compositor de encher os olhos, autor de sambas que estão entre os mais deliciosos da MPB e do repertório de excelências como Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Martinho da Vila e Beth Carvalho. É autor de pérolas como Lenço, Vai vadiar, Tudo menos amor, Coração em desalinho, Passado de glória, Rancho da primavera e mais um caminhão de obras-primas.
Com o seu eterno e indiscutível amor ao samba e à Portela, Monarco já formou duas gerações, dentro da própria família, de seguidores dos seus passos. O último pilar da ponte brilha no mundo da música e do espetáculo, a linda neta Juliana (cantora e atriz), filha de seu filho Mauro Diniz – também compositor e um instrumentista de altíssimo nível. Tem mais um filho no ramo: o cantor e compositor Marquinhos Diniz, uma das feras do Trio Calafrio. Todos seguem a tradição do velho Hildemar, da velha guarda, da escola de samba querida e também dos principais parceiros de Monarco, como Alcides Dias Lopes (o Malandro Histórico da Portela), Chico Santana, Manacea, Mijinha e Candeia. Infelizmente, todos já mortos.
Monarco tem alguns discos gravados (com certeza, bem menos do que merece), inclusive no Japão. Ainda hoje, corre para cima e para baixo (quando faz bom tempo, viaja até o estrangeiro), em busca de shows que garantam o seu sustento. Mas sempre sem perder a tranquilidade, a cordialidade e o bom humor.
Sou fã de primeira hora, desde o dia em que o ouvi cantar pela primeira vez. É uma das joias mais raras da nossa música.