Homenagens

Gonzaguinha e a rapaziada

Por Luís Pimentel - 13/08/2010

No próximo mês de setembro ele estaria completando 65 anos de idade. Nasceu num dia 22, no Rio de Janeiro, filho da cantora Odaleia Guedes dos Santos, que morreu pouco depois do moleque nascer. Também filho – biológico ou adotado e assumido – do cantor e compositor Luiz Gonzaga, foi criado por um casal amigo de Gonzagão (Xavier e Dina, “Diz lá pra Dina que eu volto/Que o seu guri não sumiu”, no Morro do Estácio). Recebeu o nome do Rei do Baião, virou Luiz Gonzaga Júnior nos primeiros passos do Movimento Artístico e Universitário (MAU), compôs suas primeiras músicas e virou Gonzaguinha.

O talento foi demonstrado logo, logo, nos primeiros festivais da canção de que participou. A primeira música saiu quando ele tinha 14 anos, Lembrança da primavera; o primeiro sucesso em 1973, Comportamento geral; a que confirmou o seu nome em 1980, Começaria tudo outra vez; e o estouro da boiada em 1994, Grito de alerta. Acreditou na rapaziada, e com ela foi um dos líderes do MAU, ao lado de Ivan Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, Márcio Proença, César Costa Filho e outros.

Apesar de conviver de perto com a censura, e de ter boa parte de sua obra proibida, Gonzaguinha compôs inúmeros sucessos e gravou mais de 30 discos, entre originais e coletâneas. Conquistou o público estudantil com canções de protesto, a turma romântica com versos líricos e inspirados, e até o arredio Gonzagão, com parcerias que nem A vida do viajante. Morou os últimos anos de vida em Belo Horizonte e corria o Brasil inteiro, em viagens para shows, palestras e apresentações.

Numa dessas, morreu num acidente de carro, em 1991, numa estrada do interior do Paraná. Deixou três filhos – todos artistas da música, Daniel, Fernanda e Amora – e uma obra de altíssimo nível.