Homenagens

Antonio Rago: Cala-se um violão Primoroso

Por Daniel Brazil - 13/02/2008

A grande imprensa praticamente ignorou o fato. Muitos músicos, envolvidos no clima festivo de ensaios que antecedem o Carnaval, não souberam da notícia. Mas na última quinta-feira, 24/01, calou-se um dos mais importantes violonistas da música brasileira: Antonio Rago.

Nascido em 1916 no bairro do Bixiga, em São Paulo, o filho de italianos foi um nome fundamental da era do rádio, no Brasil. Embora tenha estudado violão clássico na adolescência, desde cedo se envolveu com o universo da música popular. Além de instrumentista, destacou-se como compositor, líder de regional e homem de rádio. Iniciou a carreira no Regional do Armandinho, na Rádio Record. Depois de uma temporada na Argentina e no Uruguai, voltou para comandar programas musicais na rádio Tupi, e posteriormente, na TV Tupi, em São Paulo. Seu regional acompanhou praticamente todos os grandes nomes da MPB, tendo inclusive tocado na última apresentação radiofônica de Francisco Alves, em 1952.

Um lance ousado de Antonio Rago foi ter introduzido o violão elétrico no Brasil. Embora haja quem questione este pioneirismo, não resta dúvida de que foi o grande divulgador do instrumento, para o qual os tradicionalistas torciam o nariz.

Rago deixou várias composições, entre choros, valsas, sambas e baiões. Seu primeiro sucesso foi o bolero “Jamais Te Esquecerei”, em parceria com o irmão Juraci, que virou até tema do filme Quase No Céu, de 1948.

Embora tenha tocado algumas vezes na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, Rago sempre esteve ligado a São Paulo, sendo companhia constante de nomes como Isaurinha Garcia. Parceiro de João Pacífico, entre outros, a partir dos anos 60 passou a produzir programas de rádio no interior, tendo importante atuação em Campinas.

Várias gerações de músicos passaram por suas mãos. Além de ensinar os truques do violão, Rago nunca deixou de lado sua paixão pela música instrumental, tendo gravado vários álbuns solo, e arriscando inclusive peças eruditas, como uma “Sonatina em Lá Menor” (1962).

Último representante de uma geração de pioneiros, Antonio Rago leva consigo boa parte da história do violão paulista e brasileiro. Seu último disco é de 1992, e chama-se simplesmente Violões (Projeto Memória Brasileira). Certamente não poderia haver título mais adequado.